Ainda que
sejam travadas verdadeiras batalhas quando o assunto é gosto e opinião, cada
um tem o direito de ter a sua. É o
livre-arbítrio, lindo na teoria, intransigente na prática.
Deus e todos os seus
nomes que o digam.
E quando
nós pedimos a opinião de alguém? O correto é aceitá-la, independente do quanto
possa magoar ou impactar. Ainda mais se para responder você escolhe aquela pessoa que não mede palavras.
De uns tempos para cá, venho aprendendo a
controlar minha, sinceridade exacerbada.
Lembro da
noite em que fui a um jantar em família na casa de uma tia e ela me questionou
o que eu havia achado da lasanha. Nessas horas você tem uma chance só de
resolver a situação: ou diz que adorou e com certeza vai se sacrificar para
repetir o prato ou, faz o que eu fiz: “Sua comida já foi melhor, acho que você
perdeu a mão.”
Silêncio.
Seguido diretamente por um chute na canela do lado esquerdo onde estava minha
mãe cerrando a boca, com cara de “Você me mata de vergonha.”
Mas afinal
se não podem escutar a opinião dos outros, por que insistem em perguntar?
Isso me faz
lembrar um episódio recente, desta vez com meu namorado na situação inversa. Já
na loja há umas duas horas tentando escolher entre uma sapatilha com fivela e a
mesma sapatilha sem fivela, perguntei: "O que você acha?"
Ele,
suspirou e respondeu: sem fivela.
Eu, já indignada pois a escolhida por ele não era minha primeira opção, respondi
incrédula: "AH É?!?" Saí voando para o espelho mas ainda tive tempo de ouvir o
vendedor fazer o som de buzina reprovadora e dizer:
“BÉÉÉÉÉ.
Resposta errada.”
Resposta
errada. Se existia a resposta certa e eu já sabia qual era, por que
perguntei?
Recentemente
um colega publicitário me contou que anos atrás teve um cliente que
rejeitava quase que de imediato peças onde o vermelho predominava. Um dia
estavam em uma conversa informal com o presidente da empresa e meu amigo tocou no assunto:
“Já que o
senhor não gosta de vermelho, eu…” Ele foi interrompido na mesma hora pelo
presidente, que disse:
“Não é que
eu não gosto do vermelho, é que o vermelho é a cor do demônio!”
Oi?!
A partir
daí todas as peças criadas eram azuis; azuis-bebê, azuis-Royal, azuis algodão-
doce etc etc etc.
Tenho um
amigo, daqueles empolgados por natureza. Do tipo que não pode beijar hoje, que
está namorando amanhã, ou, assim ele acha.
Virava e
mexia ele me pedia a opinião em alguma coisa, desde um singelo toque de moda
até se deveria procurar outro emprego. Em uma balada depois de ter-lhe apresentado uma amiga, naturalmente simpática com todos, ele me
perguntou:
“Acho que
sua amiga está a fim de mim! O que você acha?”
Volto a
falar, nessas horas você só tem uma chance de dar cabo da situação e é melhor
pensar bem, pois não vai poder retirar o que disse.
O que responder:
“Aaah sim, ela está!” Pra depois ter de me virar em mil desculpas rejeitando um
encontro a sós que não rolaria nunca, ou dizer: “Amigo, vê se cresce. Até as
mulheres da igreja que lhe estendem a mão na hora da Paz de Cristo estão a fim
de você!”
Resolvi,
com a melhor cara de paisagem do mundo, responder: “Acho que não.”
O golpe foi
mortal. A expressão de desolamento foi instantânea e instantaneamente
substituída por um olhar revoltado seguido por uma série calúnias:
“ Por que você não
acha? Por acaso não
posso ser desejado por alguém, não? Ou a sua amiguinha é melhor do que eu? O
que você sabe da vida, afinal? Aaah já sei, você está com raiva. Ou é ciúme
mesmo!!!”
Nem tive
tempo de abrir a boca, ele já havia virado as costas e ido para outro canto. O que foi melhor, eu ainda não sabia o
que dizer.
Você pode
até pensar -que pessoa mais infantil! Mas talvez o ser humano seja assim mesmo.
Quando se sente acuado, inferiorizado ou mesmo quando algo não corresponde aos
seus interesses, se comporta como criança.
Quando a
amiga critica nossa roupa, está morrendo de inveja; quando a mãe alerta que a moça tem algo de errado, está agorando o namoro; quando o namorado responde: “É,
talvez você tenha engordado um quilo ou dois”, é um insensível que certamente já
está nos traindo.
Às vezes o
melhor é ouvir certas verdades, por mais que na hora incomode. Quando
estamos envolvidos na situação, ficamos
cegos. Quem está de fora enxerga melhor e quem nunca ouviu um conselho e se deu bem que atire a primeira pedra!
Questão de opinião. Por mais estranho
que pareça, deve ser respeitada e afinal um nãozinho não mata ninguém.
Bico e
birra só ficam bem em criança. E olhe lá.
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