Sempre ouvi dizer que tudo que é proibido dá mais vontade. Seja pela
emoção, pelo desejo, pela vontade de contradizer regras e leis, seja pelo que
for, dizer-me não, é infinitas vezes pior do que dizer-me vá.
'Um Filme Sérvio - Terror sem Limites' (A Serbian Film, 2010/2011), de Srdjan Spasojevic, é um
bom exemplo disso.
Faz tempo que estou para postar um comentário a respeito deste filme,
porém só agora me senti a vontade. A primeira coisa a dizer sobre ele é que
tudo que se comenta por aí não é exagero.
Para quem me conhece sabe que sou fã do terror, do trash, do
horripilante. E é por isso que me vejo agora escrevendo sobre 'Um Filme
Sérvio'. Por nunca antes ter ficado tão chocada.
O filme conta a história de Milos (Srđan Todorović), um ator pornô
aposentado que vive com mulher e filho de maneira aparentemente pacata. Milos
está frustrado com sua situação, já que sente um pouco de saudades do seu
antigo emprego, até que uma antiga colega lhe oferece uma oportunidade: a
chance de fazer um trabalho único para um misterioso diretor de filmes pornôs.
Sem saber o que poderia acontecer dali para frente, Milos aceita a proposta.
Assim que as filmagens começam, o protagonista percebe que havia adentrado um
universo de obscuridade de que não gostaria de estar participando, mas do qual
já era tarde demais para sair.
Pedofilia, necrofilia, violência elevada, estupro e todo tipo de feiura
compõem o longa censurado em diversos países. No Brasil, o Ministério da
Justiça classificou-o como não recomendado a menores de 18 anos, mas a
avaliação demorou a ser alcançada. Um pedido da Procuradoria da República em
Minas Gerais queria proibir a exibição (como aconteceu na Espanha e Reino
Unido, por exemplo). Em 2011, por volta de julho, a Caixa Econômica Federal
patrocinadora do RioFan, festival de cinema que aconteceu no espaço cultural do
banco no Rio de Janeiro, proibiu a exibição do filme com a seguinte nota
esclarecedora:
“A opção por não exibir o filme "A Serbian Film: Terror sem
Limites" durante o RIOFAN, nas salas de cinema da CAIXA Cultural Rio de
Janeiro, está em consonância com a linha de atuação da Caixa, atenta aos
conteúdos apresentados em seus espaços.
A CAIXA entende que a arte deve ter o limite da imaginação do artista,
porém nem todo produto criativo cabe de forma irrestrita em qualquer suporte ou
lugar. A substituição do filme em questão na mostra da CAIXA Cultural Rio de
Janeiro não deixará lacuna na programação do evento, não prejudicando,
portanto, a apreciação das manifestações artísticas cinematográficas, objetivo
principal do RIOFAN."
É aí que essa humilde escriba que vos fala pondera: isso é certo?
A censura não vai excitar ainda mais pessoas pela proibição? Um
tiro saído pela culatra na intenção de mascarar uma obra de cunho extremo como
tantas outras -liberadas- que existem por aí, a exemplos Faces da Morte, O
Albergue, A Centopeia Humana ou até Irreversível.
Apenas sua classificação etária já é o suficiente para causar
curiosidade. Exatamente como essa que você está sentindo agora.
A proibição mora no fato de que supostamente as imagens e a intenção do
filme podem afetar emocional e psicologicamente as pessoas, mas isso não cabe à censura decidir.
Em minha opinião censurar uma obra artística é voltar a uma época triste, hipócrita e bossal que nossos pais e avós viveram, sem escolha, contra a qual muitas pessoas foram subjugadas e deram sua própria vida por não se sujeitarem.
A mente doente e perversa vai ser incentivada por qualquer coisa, em
qualquer tempo.
E proibir é a melhor propaganda deste negócio.
A verdadeira escuridão da alma humana, física e psicológica, é o dia a dia em que vivemos. O ser humano passa dá conta. É só assistirmos aos noticiários. O Coringa da vida real, que recentemente deu suas caras nos jornais e tv's do mundo todo, é o mais novo exemplo de que a vida não tem mais valor.
E proibir é a melhor propaganda deste negócio.
A verdadeira escuridão da alma humana, física e psicológica, é o dia a dia em que vivemos. O ser humano passa dá conta. É só assistirmos aos noticiários. O Coringa da vida real, que recentemente deu suas caras nos jornais e tv's do mundo todo, é o mais novo exemplo de que a vida não tem mais valor.
Quanto ao filme, se você é daqueles que se enoja com cenas fortes e fica mal por uns bons dias esqueça 'Um Filme Sérvio'. Porém, como eu até posso imaginar você, agora mesmo, abrindo uma nova aba no Google e procurando por ele, tire então suas próprias conclusões. Sem arrependimentos.
Obs. Após a proibição do filme no evento do RJ, o Grupo Estação,
em parceria com a distribuidora Petrini Filmes, promoveu uma sessão
extraordinária de 'O Filme Sérvio' no Cine Odeon, com sala lotada.
Como dizia meu avô, cabresto é pra cavalo burro.
Gostei da frase de teu avô! Deu mesmo vontade de ver!
ResponderExcluirVá em frente!E como eu disse: sem arrependimentos!
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