quarta-feira, 28 de março de 2012

O que o cérebro não lê, o coração sente.


Dias atrás, estava eu olhando alguns troféus e prêmios exibidos nas prateleiras da academia onde pratico artes marciais.
Um deles, uma bela placa metálica, fazia homenagem a um de meus professores.
Assim dizia a dedicatória:

É com satisfação que a (nome da empresa) homenageia (nome do professor), considerado o mais dedicado atelta de karatê da atualidade.

O encanto sumiu como que por, encanto! Se você já me entendeu, parabéns. Teu olho é de águia. Agora se você não está entendendo nada, leia outra vez:

É com satisfação que a (nome da empresa) homenageia (nome do professor), considerado o mais dedicado atelta de karatê da atualidade. 

Atelta? Atelta?!?

Nas mãos de quantas pessoas essa mensagem deve ter passado até ir em definitivo ao lugar onde foi impressa sem que ninguém tenha visto o erro de grafia? Várias, então por que isso acontece? Por que enviamos um currículo para aquela tão sonhada vaga, checamos dez vezes a ortografia e no outro dia está lá, claro como água: “Tenho habildade em...”

Segundo uma pesquisa realizada por uma universidade inglesa, não importa em qual ordem as letras de uma palavra estão, a única coisa importante é que a primeira e última letras estejam no lugar certo.

Ah não acredita? Pois então veja:

De aorcdo com uma pqsieusa de uma uinrvesriddae ignlsea, não ipomtra em qaul odrem as lrteas de uma plravaa etãso, a úncia csioa iprotmatne é que a piremria e útmlia lrteas etejasm no lgaur crteo. 

Isto acontece porque nós não lemos cada letra isolada, mas a palavra como um todo. Nós identificamos a ‘silhueta’ da palavra; mesmo com letras embaralhadas, nosso cérebro sabe qual a palavra conhecida mais próxima daquela bagunça e a lê automaticamente. 

Por isso, existe o revisor!
De acordo com minha experiência no ramo, enumerei algumas dicas para você aperfeiçoar o que escreve, fazendo uma revisão básica: 
  
1-  O texto está no word? Então coloque ele lá. O corretor automático não é lá grandes coisas mas serve para identificar problemas na grafia.
2-   Faça uma leitura dinâmica, ou seja, passe o olho para se inteirar do assunto. 
3-   Se for possível imprima o conteúdo. Munido de caneta vermelha ou azul vá lendo com atenção cada palavra e marcando embaixo de cada sílaba, um pontinho. Isso vai tranquilizar seu cérebro a não querer correr.
4-  Chegou ao fim? Leia de novo.
5-   Leu denovo? Pois leia mais uma vez, especialmente se quem escreveu foi você. Nos acostumamos as palavras e é nessa hora que os erros passam despercebidos.
6-  Ninguém é obrigado a saber a ortografia, definição e origem de todas as palavras da nossa vasta língua portuguesa, portanto, deixe a vergonha de lado e consulte fontes de informação. Antigamente até podia ser que dar uma espiadela no amigo Aurélio era um tédio. Hoje com a internet, essa desculpa não cola mais. Há bons dicionários on line para sanar as dúvidas, o Houaiss é um exemplo.
7-  Este texto é sobre revisão mas não custa dizer: Adquira o hábito da leitura. Leia tudo, desde bula de remédio até os anúncios das mocinhas colados ao telefone público. Em pouco tempo vai perceber diferença.
8-  E o mais importante: não é porque você só vai escrever uma mera mensagem no mural do facebook que precisa esculachar com o português. Acredite, podemos não reparar nossos próprios erros mas os dos outros, sempre saltam à vista.

Encerro aqui, felicitando os amantes da língua portuguesa pelo dia do revisor. Para aquele que não escreve abreviado, que mal entende o que está abreviado, que não se perdoa por ter deixado um erro passar, que concede harmonia e clareza aos textos que terceiros escrevem sem receber crédito algum por isso, que é o dicionário ambulante da empresa para onde todo mundo corre quando tem dúvida, que numa roda de bar é apresentado pelos amigos como O Corretor Automático do Word, meus parabéns. Hoje é seu dia.

E por favor, esculachar o português, só na piada. 








Nenhum comentário:

Postar um comentário